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Há duas linhas narrativas principais que atravessam Netherland. A primeira é a história de como Hans van den Broek, analista financeiro holandês a viver em Nova Iorque desde 1998, lida com a crise que ameaça o seu casamento. Logo após os atentados de 11 de Setembro de 2001, muda-se com a mulher (Rachel) de um loft em Tribeca para um apartamento no Chelsea Hotel, solução temporária que se eterniza, enquanto a insegurança que paira no ar vai minando os alicerces da família. Incapaz de suportar a lógica militarista da Administração Bush, sobretudo após a invasão do Iraque (2003), Rachel decide regressar a casa com o filho de ambos; isto é, a Londres, a cidade onde iniciaram a sua vida em comum. Hans fica então a morar sozinho em Nova Iorque, apanhado desprevenido por uma «infelicidade» que nunca antes sentira e aparentemente incapaz de escapar à paralisia emocional.
É então que emerge a segunda grande linha narrativa do livro, protagonizada por Chuck Ramkissoon, um imigrante caribenho que é o típico chico-esperto bem falante, com vários negócios duvidosos (uma agência imobiliária, um restaurante sushi–kosher, uma rede de jogo ilegal) e um grande sonho, digno da ideia de american dream: construir um gigantesco estádio de críquete em Nova Iorque. Para ele, este desporto inglês que só é jogado pelas comunidades imigrantes tem uma nobreza, um «ângulo moral», que o tornam a metáfora perfeita do que deveria ser uma nova América, pós-imperialista, aberta ao mundo e mais civilizada.