Enigmas do Passado

A aventura que é hoje a arqueologia

Condicionado pelos limites dum só livro, é impossível fazer-se uma referência adequada e justa à profusão de descobertas novas. Se não se quer portanto fazer um catálogo, tem que se fazer uma escolha. Procurou-se assim, abstraindo de preferências pessoais, contra as quais ninguém é imune, apontar através de exemplos os diferentes aspectos da arqueologia. Serão, por um lado, os resultados da técnica moderna que, por exemplo, permite ao arqueólogo subaquático fazer como o seu colega em terra, isto é, poder escavar um barco, camada após camada.

Uma outra vez, será a verificação de uma lenda, de um relato clássico. Diodoro da Sicília e a Bíblia são de novo autenticados; os heróis de Homero e os povos de Herodoto existiram de facto… É o fascinante e independente Lerici, que desvenda os mistérios de centenas de túmulos etruscos e é o nariz farejador do detective-arqueólogo Mellaart, que no mais curto espaço de tempo desenterra a cidade mais antiga do mundo. São sistemas que desejam ver a sua ideologia confirmada, são povos que, com a ajuda da arqueologia, que lhes põe diante dos olhos a grandeza dos seus antepassados, estão a caminho de se encontrarem a si próprios. E por detrás de quantos esforços e teorias não sobrevive ainda hoje a ideia da Atlântida? Está-se a ver que a arqueologia só raramente tem o seu fim em si mesma. Por trás da ansiedade “pura, quixotesca” do saber, do conhecimento de como era qualquer coisa, mantém-se sempre a questão da ligação desse “era” com aquilo que é. E isso somos nós próprios.

Data de publicação: Novembro 1978