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«Dunne assegura que a morte nos ensinará o feliz manuseio da eternidade. Recuperaremos todos os instantes da nossa vida e combiná-los-emos como bem nos parecer. Deus, os nossos amigos e Shakespeare colaborarão connosco. Perante o esplendor de uma tal tese, qualquer falácia cometida pelo autor não tem qualquer importância.»
"Otras inquisiciones", Jorge Luis Borges
«Nietzche segue ambiguamente Hamlet quando nos diz que só conseguimos encontrar palavras para o que já está morto no nosso coração, e que, por isso, há sempre uma espécie de desprezo no acto de falar. Antes de Hamlet nos ter ensinado a não ter confiança na linguagem ou em nós próprios, ser-se humano era muito mais simples para nós, mas igualmente bem menos interessante. Shakespeare, através de Hamlet, tornou-nos cépticos nas nossas relações com os outros, porque nos ensinou a duvidar da possibilidade de articulação no domínio dos afectos. Se alguém nos diz de modo demasiado rápido ou eloquente quanto nos ama, somos tentados a não acreditar, porque Hamlet se alojou em nós, do mesmo modo que habitava em Nietzche.»
"Shakespeare: the Invention of the Human", Harold Bloom
«Filhos com mães, pais com filhas, irmãs lésbicas, amores que não ousam dizer o seu nome, sobrinhos com avós, presos com buracos de fechadura, rainhas com touros laureados. Um filho não nascido ensombra a beleza; nascido, traz dor, divide afectos, aumenta cuidados. É rapaz: o seu crescimento é o declínio do pai, a sua juventude a inveja do pai, o seu amigo o inimigo do pai… Que os liga na natureza? Um instante de cio cego.»
"Ulysses", James Joyce