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LIVRO:
-Asas que naufragam: De como o avião Argos, ao fim de dezasseis mil quilómetros de vôo, se perdeu ao largo das costas da Clevelândia e do mais que durante a viagem se passou, por Major Sarmento de Beires.
Edição de A. M. Teixeira & Comp. (Filhos).
Depositários Livraria Clássica.
1º edição (tiragem de apenas 2000 exemplares), 1927.
Tem 368 páginas com inúmeras fotos a preto e branco de página inteira, conta também com três desdobráveis.
Encadernação em pele sintética, com os dizeres na lombada ornados a dourado sobre carmim.
SINOPSE
Livro editado no primeiro aniversário do primeiro vôo do Argos.
No dia 3 de Março de 1926, o Argos, descolou de Alverca tripulado pelo major Sarmento de Beires, capitão Duvalle Portugal, tenente Manuel Gouveia e capitão Jorge Castilho, este último responsável pela navegação.
No dia 11 de Março chegaram à Ilha de Sogá nos Bijagós, após terem escalado Casablanca, Vila Cisneros (actual Sara Ocidental) e Bolama. Os dias passados na Guiné foram repartidos entre pequenas reparações e os preparativos finais da Grande Aventura.
Pela primeira vez na história da aviação o Atlântico Sul iria ser cruzado de noite, com êxito, cinco anos após o voo de Sacadura Cabral e Coutinho: O Argos confirmou a eficácia da navegação astronómica, em que os aviadores da aviação naval confiaram em 1922. O Atlântico Sul, depois do voo do Argos tornou-se mítico para as Asas Portuguesas.
No dia 16 de Março, o Argos deixou Bijagós e a descolagem rumou a Sudoeste com o céu limpo e o Sol a esconder-se no horizonte. Uma hora depois: A noite fechara por completo, e as águas glaucas do Atlântico onde afloravam ainda alvuras de espuma, perdiam um pouco da sua tonalidade azul-da-prússia, atingindo as tenebrosidades inquietas do quase negro.
As primeiras horas de voo decorreram sem sobressaltos, Com um ligeiro vento de frente e a voar a pouco mais de 60 metros sobre o oceano o “Argos” teve o primeiro sobressalto pelas 23 horas após o tenente Gouveia ter inspeccionado os motores e ter escrito para o major Beires a mensagem: “uma das bombas Martin do motor de trás, deixou de funcionar. Parei-a para evitar a perda de gasolina.” Ficaram a funcionar apenas três bombas e ficou também a dúvida sobre quanta gasolina se teria derramado com a avaria e o que isso poderia significar para o êxito ou fracasso da viagem.
À meia-noite Castilho enviou a Beires o primeiro balanço de voo, 850 quilómetros percorridos à média de 142 quilómetros por hora. Consumidos 1136 litros de gasolina. Beires considerou as informações desconsoladoras mas ainda na margem de segurança. As duas horas da manhã os primeiros sinais de fadiga: “Começamos a sentir cansaço.
Castilho muda frequentemente de posição, já não sabendo como arrumar o corpo, examinando constantemente o céu, em busca de astros de observação mais fáceis. Sinto os braços doloridos, e uma vaga sonolência começa a invadir-me.” Às 3 horas, uma massa de nimbos ameaça com ligeiros chuviscos. Para combaterem a fadiga e o sono a tripulação mastigou algumas nozes de cola. Em meia hora o tenente Gouveia conseguiu resolver duas situações complicadas, uma fuga de gasolina resultante da fractura de uma braçadeira e uma avaria na canalização da água do arrefecimento de um dos motores: “Assim, por duas vezes o “Argos” esteve em riscos de amarar em pleno Atlântico, no meio das trevas. Talvez pairasse sobre o seu destino o mesmo mistério desolador que pairará eternamente sobre tantos aviadores desaparecidos no mar .” Às 4 horas da manhã, a chuva começou a aumentar e uma hora depois o “Argos” foi envolvido por violenta tempestade. A bordo viveram-se momentos difíceis: “A chuva encharca-nos, e correntes aéreas desencontradas lutam no interior da avalancha aquática.”
O “Argos” sobreviveu. Às 6 horas o dia começou a nascer, e minutos depois sobrevoou os penedos. “Impressiona-me a ideia de que só dois aviões e ambos portugueses, o “Lusitânia” e o ”Argos”, por aqui voaram. Vem-me ao espírito a lembrança de que em todo o avião português deveria haver um exemplar do “Lusíadas”. Gago Coutinho, alma de poeta, não o esqueceu ao organizar a biblioteca do “Lusitânia.”
*EXEMPLAR EM EXCELENTE ESTADO, como novo.
**Conta com o Ex Libris Veritas Institia.