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*Entrego em Benfica ou envio por correio.
Livro com encadernação particular, lombada em pele castanha, apresenta em baixo o nome do dono e em cima o título:
"Miscelânea - comédias em português".
Contém primorosamente encadernados oito livros, todos de teatro, de cariz histórico, regionalista, popular, humorista e até dramático, contudo um deles sobressai bastante por não ser poesia nem teatro é um grito contra a igreja e contra a ditadura (Os inimigos da República, de Francisco Vieira).
Esta bela e dissimulada encadernação onde "aprisiona" raras obras de Henrique Lopes de Mendonça, Marcelino Mesquita, Pan-Tarantula, Antonio Enes, entre outros, foi pertença do famoso escritor, músico, ensaiador, Sr Adolfo Figueiredo.
A intenção de encadernar estes oito livros, foi camuflar um livro muito raro, de posse proibida desde os anos 20 na ditadura militar e depois na ditadura do estado novo!
No fim deixo a biografia do autor deste bombástico livro.
Os títulos dos 8 livros, são:
Livro 1
-Almas doentes, de Marcelino de Mesquita.
Edição Ferreira e Oliveira Lda.
1 edição, 1905.
Tem 84 páginas.
Sinopse
Tragédia em II actos.
Livro 2
-Os inimigos da República, de Francisco Vieira.
Edição de autor.
Tem 127 páginas.
Sinopse
Livro contra e a ditadura e a igreja.
Livro 3
-Nó cego, de Henrique Lopes de Mendonça.
Edição Ferreira e Oliveira Lda.
1 edição, 1905.
Tem 98 páginas.
Sinopse
Peça em III actos
Livro 4
-O perfume, de Ernest Blum e Raoul Toché.
Tradução livre de N. Leroy.
Edição Francisco Franco.
1 edição, s/d.
Tem 60 páginas.
Sinopse
Comédia em III actos.
Representada com grande sucesso em diversos teatros de Lisboa, Porto, Coimbra, etc.
Livro 5
-Mal-me-quer, de Aurélio Silva.
Edição de autor.
1 edição, 1916.
Tem 32 páginas.
Sinopse
Episódio em Verso.
*Tem a singularidade do autor (Sr Aurélio Silva) autografar o livro ao dono (Adolfo de Figueiredo) que foi ensaiador desta peça.
Livro 6
-O riso, de Alfredo de Moraes Pinto (Pan-Tarantula).
Edição de autor.
1 edição, 1889
Tem 8 páginas.
Sinopse
Monólogo, recitado pela grande acriz Virgínia, no teatro de D. Maria II.
Livro 7
-O saltimbanco, de António Ennes.
Edição Antiga casa Bertrand, Lisboa.
Bibliotheca Dramatica da Revista Theatral.
(É a n1, conta com uma foto do autor a p/b)
1 edição, 1895.
Tem 173 páginas.
Sinopse
Drama original em 4 actos.
*Antonio Enes, homem forte da politica nomeadamente a ultramarina no terceiro quartel do seculo XIX. Escreveu algumas peças com criticas muito favoraveis, tendo começado em 1875 com os Lazaristas, Os Engeitados em 1876, O Salltimbanco em 1895...
Livro 8
-Leonor Telles, de Marcelino Mesquita.
Edição Francisco Franco.
5 edição, s/d.
Tem 81 páginas.
Sinopse
Drama histórico em 5 actos.
Original.
Representado com grande sucesso nos teatros D. Maria e D. Amélia em Lisboa e S. João no Porto.
FRANCISCO VIEIRA DE ALMEIDA (1888 – 1962)
Figura de grande relevo da Filosofia e na Cultura, monárquico antifascista, teve significativa intervenção na luta contra a Ditadura Militar e o regime do Estado Novo, e na defesa da Liberdade e da Democracia. Com contactos com o grupo da Seara Nova, apoiou numerosas iniciativas da Oposição, mantendo o seu posicionamento corajoso, nas fases de maior repressão do regime. Foi proponente da candidatura do general Humberto Delgado a Presidente da República, em 1958, figurando ao seu lado na célebre conferência de imprensa no Café Chave d'Ouro. Detido por duas vezes pela PIDE, passou dois períodos de prisão no Forte de Caxias (Junho e Novembro de 1958), por "atentado à segurança do Estado".
Já tinha mais de 70 anos de idade quando foi encarcerado em Caxias, juntamente com António Sérgio, Jaime Cortesão e Mário de Azevedo Gomes, pelo apoio dado à candidatura presidencial de Humberto Delgado. No ano seguinte, em 1959, de novo com Jaime Cortesão, António Sérgio e Azevedo Gomes, convida os socialistas Aneurin Bevan e Mendès-France para conferências em Portugal, que são proibidas, e os organizadores novamente detidos.
É autor de vasta e notável obra filosófica em que avultam trabalhos sobre Lógica, Estética, Epistemologia e História.
Figura cativante e polémica, capaz de simultaneamente comandar o respeito intelectual de especialistas e chegar a públicos mais amplos, os estudos dedicados ao seu pensamento não são muitos. «Um esquecimento tanto mais lamentável quanto a sua combinação de actividade cívica, pública, e diversidade intelectual, em particular científica, é rara. E particularmente valiosa para apreciar um processo de mudanças institucionais que foi decisivo na evolução da sociedade portuguesa ao longo do século XX»
Escrito por Carlos Leone
Quem quiser ler mais sobre quem foi este honrado e humano português, que salvou Spitzer dos nazis, viu pilhas de livros a arder a ceu aberto na universidade de Colonia porque seus autores eram marxistas, ou judeus! Privou com inumeros intelectuais nacionais e internacionais, leia aqui nesta reportagem do jornal Público:
https://www.ulisboa.pt/sites/ulisboa.pt/files/public/francisco_vieira_de_almeida.pdf