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Livro:
-Ramalho Ortigão memórias do seu tempo, de Júlio de Sousa e Costa.
Edição Romano Torres.
1º edição, s/d.
Tem 234 páginas.
*EXEMPLAR EM muito bom estado.
Sobre o autor:
Júlio de Sousa e Costa nascido em Lisboa em 1877, foi funcionário público em Lisboa, Vila Nova da Barquinha, Tomar, Leiria, Alcanena e Torres Novas.
Foi porém, na Barquinha que trabalhou grande parte da sua vida, onde foi secretário da Câmara Municipal.
Através do verbo assumia o ideal republicano, convicto, crítico e mordaz acabando por ver a sua obra “Rei Dom Carlos I, Factos Inéditos do Seu Tempo, 1863 a 1908”, ser proibido pela censura. Foi perseguido pela polícia política, a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) depois substituída pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Veio a ser efectivamente preso em 1943.
Sendo escritor interessou-se por temas históricos nacionais e por tudo quanto respeitasse à região e, essencialmente, tudo quanto oralmente era dito sobre as guerrilhas populares contra os franceses.
Das suas obras publicadas talvez a Severa, seja a sua obra mais consagrada e lida, feita “numa perspetiva mais jornalística do que romanceada, socorreu-se de testemunhos de quem conhecera pessoalmente a protagonista e recolheu-os. Manteve, até, o tom em que essas preciosas testemunhas lhe contavam os episódios e daqui nasceu um livro meio reportagem, meio romance, variado nas histórias, vivo na narrativa e em princípio, historicamente correto.”
Foi um autêntico “historiador autodidata que empreendeu na nossa região, aquilo que mais ninguém fez em Portugal: conseguiu compilar um leque bastante variado e completo de informações sobre as Invasões Napoleónicas (1807-1811), sobretudo no que toca à 3ª invasão (1810-11), veiculadas através da tradição oral e provenientes dos relatos de algumas testemunhas que viveram os acontecimentos.”.
Sobre o biografado:
Homem de letras português, um dos vultos mais destacados da Geração de 70, José Duarte Ramalho Ortigão nasceu a 24 de novembro de 1836, no Porto, e morreu a 27 de setembro de 1915, em Lisboa.
Oriundo de uma família abastada da burguesia portuense e filho de um combatente pela causa liberal, Ramalho conviveu durante a infância com o ambiente rural da casa da avó materna, tendo sido criado, como confessa, "como um pequeno saloio". Na adolescência, enquanto convalescia de uma febre, tomou contacto com as Viagens na minha Terra, obra que o impressionou tanto que foi a partir da sua leitura que compreendeu que "tinha de ser fatalmente um escritor". Frequentou o curso de Direito na Universidade de Coimbra e, aos dezanove anos, começou a lecionar francês no Colégio da Lapa, dirigido pelo seu pai, onde teve como aluno Eça de Queirós, futuro amigo e companheiro de lides literárias. Durante a década de 60, colaborou em vários periódicos, como a Gazeta Literária do Porto, a Revista Contemporânea e o Jornal do Porto, de que foi redator. Foi precisamente neste último que, em 1866, publicou o folheto Literatura de Hoje, com que intervém na Questão Coimbrã. Ramalho, que, quatro anos antes, a propósito da polémica suscitada pela Conversação Preambular de Castilho inserta no poema D. Jaime, de Tomás Ribeiro, se manifestara contra o chamado "Grupo do Elogio Mútuo", não deixa aqui de ser crítico para com o autor das Cartas de Eco a Narciso, mas acusa Antero e Teófilo de desrespeitarem o velho escritor. Como consequência, Antero desafiou e venceu Ramalho em duelo, datando curiosamente desse episódio o início da amizade entre os dois escritores e a aproximação gradual de Ramalho a esse grupo de novos intelectuais, que se traduziria na frequência do Cenáculo e na adesão às correntes ideológicas que marcaram essa geração, como o positivismo de Comte e o socialismo utópico de Proudhon. Depois de uma viagem a Paris, por ocasião da Exposição Universal de 1867, Ramalho publicou, no ano seguinte, as suas primeiras notas de viagem, Em Paris. Ainda no mesmo ano, mudou-se para Lisboa, onde assumiu o lugar de oficial de secretaria da Academia das Ciências e reencontrou o seu amigo Eça, já formado em Direito pela Universidade de Coimbra. Em 1870, publicaram ambos O Mistério da Estrada de Sintra. Em 1871, não participando diretamente nas Conferências do Casino Lisbonense, iniciou com Eça um novo projeto, que pretendia retomar a intenção crítica e de reforma social que norteou as Conferências: As Farpas. O início da redação de As Farpas é, aliás, tido pelos críticos (entre os quais o próprio Eça, numa carta publicada na revista portuense A Renascença) como um marco de transição na escrita de Ramalho, que teria passado de "folhetinista diletante" a "panfletário ilustre". Após a partida de Eça para Cuba, como cônsul, em 1872, Ramalho tomou nas mãos a redação desses folhetins satíricos, cuja publicação até 1888 entremeou com a edição de livros de viagens: Pela Terra Alheia (1878-1880), A Holanda (1883), John Bull (1887) e, inspirados pelas viagens em Portugal, Banhos de Caldas e Águas Minerais (1875) e As Praias de Portugal (1876). Em todas estas obras, embora as imagens da França e da Inglaterra e os progressos das suas civilizações sejam contrapostos à decadência portuguesa, manifesta-se um apego à tradição nacional e a crença na possibilidade de regeneração. A partir de 1888, Ramalho começou a fazer parte das reuniões do grupo dos Vencidos da Vida. Em 1895, tornou-se bibliotecário do Palácio da Ajuda. Nos textos escritos perto do fim da vida e já depois de instaurada a República, que serão postumamente reunidos no volume Últimas Farpas, Ramalho manifestou a sua descrença no novo regime político.
Dotado de um espírito cosmopolita, dândi, mundano, e simultaneamente, arreigado às tradições nacionais, Ramalho procurou sinceramente educar e civilizar a sociedade do seu tempo. A variedade dos seus escritos, o diletantismo do seu discurso, a leveza e propriedade do seu estilo, oscilando entre as notações estéticas, as digressões líricas, os apontamentos humorísticos espelham a fidelidade ao preceito de escrita e de vida enunciado na sua "Autobiografia" (in Costumes e Perfis): "Maçar o menos possível que seja o meu semelhante, procurando tornar para os que me cercam a existência mais doce, o mundo mais alegre, a sociedade mais justa, tem sido a regra de toda a minha vida particular. O acaso fez de mim um crítico. Foi um desvio de inclinação a que me conservei fiel. O meu fundo é de poeta lírico."