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Augusto Abelaira escapará sempre a qualquer classificação que lhe queiramos atribuir já que a sua invulgar criatividade o projecta para além de géneros, correntes, geração ou outro contexto em que tentemos perscrutá–lo. "Bolor", datado de 1968, tem no entanto sido considerado um dos livros que marcaram a passagem à pós–modernidade na literatura portuguesa. O que é indiscutível, é que este título tanto vem confirmar a maturação literária do seu autor como o seu empenhamento em agir sobre um modelo de sociedade que tenta ainda aprisionar os comportamentos dentro de valores que já pouco ou nada têm a ver com aquilo que mudou no quotidiano e na consciência das pessoas. Neste romance, sem perder a transparência da sua escrita, Abelaira inventa uma nova configuração ficcional, subtilmente mais capaz de deixar expandir–se a sua ânsia de aprofundar o questionamento do real. Sob forma diarística, Humberto, Maria dos Remédios e Aleixo são misteriosamente e à vez autores deste romance, que tem tanto de realista como de lúdico, tanto de ironicamente céptico como de passional e provocante, expondo a desagregação de um casamento pela acção subversiva do terceiro pólo deste (afinal) triângulo amoroso.