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A publicação póstuma deste dicionário de calão, do jornalista Afonso Praça, recentemente falecido, vem confirmar alguns dos atributos que este transmontano de cepa possuía: uma atenção constante àquilo que o rodeava, à vida e aos outros, que transformava em textos deliciosos, cheios de humor. Como refere a nota introdutória do "Novo Dicionário de Calão", este "reflecte sobremaneira a mobilidade da linguagem (...). ... o calão acompanha muitas vezes os movimentos sociais e integra-se a pouco e pouco na linguagem comum, muitas vezes quase sem darmos conta". E se há palavras que hoje utilizamos na linguagem do dia-a-dia sem chocar ninguém isso nem sempre aconteceu (por ex., "gajo" ou "puto").
Afonso Praça utilizou uma bibliografia extensíssima e o seu dicionário inclui entradas provenientes das áreas mais diversas: jornalismo, desporto, crime, guerra, regionalismos, música, etc., fala-nos ainda do calão típico do Porto ou de Lisboa, das letras da música pop e rap, introduz exemplos retirados de textos literários (Camilo, Eça, Cardoso Pires, Lobo Antunes, Dinis Machado, ASSIS Pacheco; Miguel Esteves Cardoso, Natália Correia, etc.). São quase 3 centenas de páginas que se lêem e consultam com enorme prazer e um sorriso ao canto da boca, que às vezes rebenta numa enorme gargalhada.