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O camarada e a câmara
Luanda: INALD, 1984.
Rui Duarte de Carvalho: obras publicadas
Rui Duarte de Carvalho (Santarém, Portugal, 1941 – Swakopmund, Namíbia, 2010), foi um escritor, realizador e antropólogo angolano que fez trabalho de campo em várias ocasiões em comunidades de pastores da região do Namibe, no Sul de Angola.
A partir de 1972, Carvalho começa a publicar poesia, ensaios antropológicos e livros de ficção com regularidade. Como forma de disseminar mais amplamente o seu trabalho, e também tomando como uma oportunidade para actualizar versões anteriores, Carvalho republica em diferentes alturas a mesma obra em editoras sediadas em Angola, Portugal e Brasil. Torna-se deste modo cada vez mais conhecido como um poeta e escritor lusófono.
A partir das capas de diferentes edições dos seus livros, resumimos o seu trabalho por géneros literários e, quando relacionados, com os filmes que realizou.
Em 1972, o seu primeiro livro, Chão de Oferta, foi publicado em Luanda. Seguem-se vários outros livros de poesia. Na nossa mostra não consta a antologia poética que Carvalho publica na Cotovia em 2005.
Rui Duarte de Carvalho começa a realizar filmes em 1976, e escreve sobre realização e antropologia em ensaios como O Camarada e a Câmera (1980), que posteriormente republica em A câmara, a escrita, e a coisa dita… (1997, 2008, pela Cotovia, Lisboa). O seu última filme – “Moia: o recado das ilhas” (1989), rodado em Cabo Verde -, passa por vários problemas de produção, que o levam a rejeitar a sua autoria.“[…] partindo da poesia e entrando pela antropologia adentro pela ponte do cinema, e deixando que a antropologia, por sua vez, me catapultasse para a ficção que ando finalmente a arriscar… Se foi a poesia, passando pela ponte do cinema, que me transportou à antropologia, à apreensão fundamentada no conhecimento dito objetivo disponível sobre a substância humana com que a vida me implicou, foi a antropologia – embora sem programa prévio mas sempre como via também de expressão e de intervenção – que me transportou à ficção…”
Rui Duarte de Carvalho, in A câmara, a escrita e a coisa dita… fitas, textos e palestras. Lisboa: Cotovia, 2008, p. 12.
Carvalho publica também um livro a partir da sua tese de Doutoramento em Antropologia, um estudo sobre uma comunidade de pescadores em Luanda, Ana a Manda (1989). Posteriormente, publica outros textos académicos e ensaios sobre os pastores Ovakuvale, do Sul de Angola.
Inspirado pelo seu encontro com as populações Ovamuila na província da Huíla durante finais da década de 1970, Carvalho publica alguns dos seus desenhos juntamente com poemas no livro Sinais Misteriosos (1980).
Em 1977, Rui Duarte de Carvalho publica uma série de contos intitulada Como se o Mundo Não Tivesse Leste. O livro foi republicado numa versão revista e alargada pela editora Livros Cotovia em 2003. O exercício duma auto-ficção enquanto processo de escrita foi igualmente ensaiado por Carvalho em Os Papéis do Inglês (Livros Cotovia, 2000). O seu livro anterior, Vou Lá Visitar Pastores (Livros Cotovia, 1999) é uma etnografia dos pastores Ovakuvale e do seu território, e contém imagens com alto grau de contraste impressas a partir de fotografias de campo que Carvalho tinha produzido no início dessa década.