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Com prefácio, tradução, comentários e notas do poeta Jorge de Sena. Edição de 2003
90 e mais Quatro Poemas, reúne grande parte da poesia de Cavafy, nome maior da poesia em grego moderno. A tradução, esgotada há muito, é a de Jorge de Sena, considerada por muitos a mais perfeita de todas as traduções da poesia do grego de Alexandria.
«Outcast nacional e social, como cultural, Cavafy é assim um simbolista, contemporâneo e irmão dos simbolistas fundadores, mas que viveu o suficiente e que estava em condições excepcionais para, reflectindo isoladamente sobre a sua arte, transformar-se, como outros não transformaram, num grande poeta moderno. Ele é assim, ao mesmo tempo, uma das últimas florações do simbolismo, e um dos primeiros poetas modernos: nele, tudo o que fora o fim do século XIX se transfigura numa revelação pessoal que faz da exclusividade individual, e da interpretação da história, uma moderna, por esteticamente objectiva, visão do mundo.» [Jorge de Sena, «Comentário Histórico à Tábua Biográfica e Situação Histórico-Literária na Poesia Ocidental», in 90 e mais Quatro Poemas, Constantino Cavafy.]
Constantino Cavafy
Constantino Cavafy nasce em Alexandria a 29 de Abril de 1863 (17 de Abril, de acordo com o calendário Juliano), último dos nove filhos de Pedro João Cavafy e de Caricleia Fotiady, ambos de boas famílias gregas de Constantinopla. O pai emigrara para Alexandria em 1850, para ficar à testa da representação da firma da família, dedicada sobretudo à exportação do algodão egípcio.
Habituados a viver de acordo com os padrões da alta aristocracia comercial de Alexandria, com a morte e Pedro Cavafy, em 1872, a família vê-se em dificuldades financeiras, e, em 1872, ruma a Inglaterra, para regressar a Alexandria em 1879, já após a extinção do negócio da família.
As agitações nacionalistas que se fazem sentir no Egipto, em 1882, levam a família Cavafy a fugir novamente, desta vez para Constantinopla. Apesar de a maioria dos irmãos regressar pouco tempo depois, Cavafy e a mãe apenas retornam a mãe Alexandria em 1885.
Em 1892, Cavafy emprega-se como funcionário do Ministério da Irrigação, onde trabalhou por trinta anos, mantendo paralelamente uma actividade como corretor da bolsa.
Cerca de 1895, o poeta trava relações com Péricles Anastasíades, sete anos mais novo do que ele, homem educado na Inglaterra, interessado em literatura, e pintor amador. Os poemas e notas que o poeta lhe envia serão a Colecção Anastasíades, hoje uma das bases para o estudo da sua obra. É com a ajuda financeira deste amigo que Cavafy viaja pela primeira vez à Grécia, em 1901, onde estabelece relações literárias. A revista Panatheneum publica, em 1903, doze poemas de Cavafy e uma nota sobre a sua poesia. O seu primeiro livro, 14 poemas, sairá em 1904, e o segundo, que acrescenta doze aos catorze anteriormente coligidos, em 1910. Entre estas duas datas, publica na revista Nea Zoe, e alguns dos seus poemas são traduzidos para inglês por um dos seus irmãos.
Por altura da Primeira Guerra Mundial, o poeta conhece E. M. Forster, ao serviço da cruz Vermelha em Alexandria.
Em 1932, Cavafy é diagnosticado com um cancro na garganta, vindo a falecer no ano seguinte, a 29 de Abril de 1933.
Em 1935 é publicada, em Alexandria, a obra Poemas Completos.